Se um russo dorme com alguém do mesmo sexo, é melhor que mantenha a boca fechada no trabalho. E se você tentar fazer bandeira política do que na realidade é um ‘defeito’, saindo pra rua manifestar-se, a multa está quase garantida.
Você pode ser gay ou lésbica, entretanto não reivindicarlo no espaço público. Na Rússia, a homossexualidade é condenada, sobretudo como movimento social. Nem a literatura, nem a imprensa nem ao menos a política podes arvorar a bandeira gay. Mas prontamente, a ‘caça’ poderá ir para o grau individual.
A oposição parlamentar não é exatamente uma ajuda. O Partido Comunista Russo propôs que ‘sair do armário’ seja punido por lei. Dois deputados do partido vermelho, Ivan Nikitchuk e Nikolai Arefeyev, querem multar com 58 euros para quem expresse comportamentos estranhos “às relações sexuais tradicionais”. A prisão para as pessoas que se notabilizar gay, estando perto de centros educativos ou culturais seria de até quinze dias de duração.
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Desde o Kremlin, perguntados sobre isto, tem evitado se pronunciar, explicando que não conheciam a proposta. Rússia Unida, o partido que apoia o presidente Vladimir Putin, sim, apoiou a atual legislação. Sobre a volta de porca que propõem os comunistas comentou um líder do partido governamental, Dimitri Vyatkin, pra classificá-lo como “supérflua”. Uma procura do Centro Levada, revela que 37% dos russos veem a homossexualidade como um desvio. Um 18% acredita que deveriam ser processados.
Irina Fedotova, um conhecido ativista gay russa, mudou-se pro Luxemburgo, esse verão, após ter recebido uma surra: “lutei o que pude. E quando não pude mais, eu irei embora”. Segundo denuncia um relatório da Human Rights Watch (HRW), a lei anti-propaganda gay instaurada pela Rússia em 2013 foi baleado, os episódios de violência contra os homossexuais. Não há uma contabilidade geral de agressões, uma vez que só existem associações em umas poucas grandes cidades. Mas o centena de entrevistas em dezesseis municípios que levou a cabo HRW sinaliza pra uma deterioração da circunstância. Poucas histórias que definem melhor o assédio que sofrem os homossexuais como a de Olga Bajaeva.
Tem vinte e quatro anos e vive em Magnitogorsk, uma cidade industrial dos Urais. Conseguiu um trabalho dando aula numa universidade walled entre indústrias metalúrgicas, estas catedrais de ferro que foram a ponta de lança dos planos quinquenais de Stalin. Lá é muito distanciado, o debate e a agitação da nova classe média urbana, que desperta em Moscou, no entanto as mídias sociais colocaram pela frente de seus narizes uma história que a fez oferecer um salto de indignação. Em vKontakte (uma rede social tão interessante no estado, como Facebook) leu a notícia de um professor perseguido por ser gay. Em mau instante, ocorreu-lhe fazer tal coisa: “Em um par de horas recebi uma mensagem de um tal de Valquíria Repina que me conminaba a demitir-se”.
Valquíria Repina gere, sob pseudônimo, um grupo chamado os Pais de Rússia, através do qual distribuiu a identidade de Olga, fotos tuas e algumas informações ‘desagradáveis’ sobre isso tua existência. Olga, consciente de que estava desencadeando contra ela, decidiu manter o silêncio. Mas logo a tua caixa de entrada chegou outra mensagem: “Por que não poderei responder? Diga-nos o que você decidiu. Se você deixar o trabalho não irá compartilhar esta dica”. Não respondeu. E a história passou pros meios de comunicação, ganhou um telefonema de um repórter, a imprensa ambiente relançou a história, e assim como o canal de televisão da cidade.
a Atriz prefere não oferecer seu nome real: “quanto às preocupações cotidianas, o que me assusta é notar alguém pela web e que quando tiver uma banda preparada pra lincharme”, conclui. Seu temor é bem fundamentado, já que há um grupo chamado Occupy Pedophilia que se dedica a caçar e colar aos homossexuais. São safaris de caça do “bicha”, que são documentados em vídeo pra escárnio público nas redes sociais. A moda de caçar gays e retirá-los na internet vem sendo imitada em algumas cidades russas. HRW analisou em 2014 setenta e oito ataques a gays, e foi notado que mudou a dinâmica: neste instante não se ataca em tão alto grau a homossexuais que significam. Agora, o centro são os que tentam ir despercebido.
Alguns políticos da Rússia retratam os gays como pessoas “perigosas”, e pra vários russos se trata de “doentes” prejudiciais para as gurias. Assim o vê Vitaly Milonov, um popular político ultraconservador de São Petersburgo tornou chicote de gays, lésbicas, travestis e outro tipo de “desvio” que, conforme foi sugerido, “estuprar meninas”. É famoso por organizar ataques em lugares de hostess, porém nega que tenha opressão alguma: “Por afeto de Deus, não consigo fechar nem um clube de viado, e estão por todas as partes”.
Quando você abriu aquela da internet não podia doar crédito ao que viam meus olhos. Lá estava, saudável e forte como um carvalho, sem máscara nem chapéu. Parecia muito outra, e, entretanto, no fim do seu enxergar permanecia a cor de sombra que em tal grau me atraísse longo tempo.